quarta-feira, janeiro 18, 2012

Lana del Rey no SNL: a polémica...


É a “polémica” do momento... Ou, pelo menos, há quem queira que o seja. Mas o certo é que a atuação recente no Saturday Night Live em nada ajudou os argumentos dos que defendem (como é o caso dos dois autores deste blogue) a carreira de Lana del Rey.



A atuação é, no mínimo, coisa constrangedora. A voz é insegura (ou estava naquele momento insegura e, claramente, nervosa). A pose é de alguma tensão... Foi azar? Ou a expressão de uma fragilidade performativa que, defendida em estúdio, ao vivo ainda não está capaz de enfrentar uma plateia (e esta era de milhões de espectadores)?...
Nem todos têm de ser artistas de palco. Os Beatles deixaram de o ser depois de 1966 conscientes de que o que procuravam em estúdio era impossível de recriar ao vivo (mas deram, naturalmente, conta do recado quando subiram ao telhado em 1969 num regresso a um rock’n’roll mais direto).
Não vamos comparar situações, é claro. Mas que Lana del Rey não parece ainda preparada para enfrentar os palcos é verdade. Não embarquemos contudo na ideia, que alguns agora querem clamar, de que a cantora é coisa fabricada e falsa. Onde é verdadeira a voz de um contratenor? É fruto de um esforço que contraria o timbre natural... Mas ninguém diz que o canto de Andreas Scholl é coisa falsa e fabricada... Claro que não.
Se Lana del Rey resolveu (ou aqueles com quem ela trabalha resolveram) encontrar nesta voz, nesta pose, nesta música, o caminho para a cantora, que o façam com cuidado e trabalho. Em estúdio a coisa trabalha-se com rede (e acrescente-se que todas as canções que já escutámos são magníficas). Mas enquanto a voz não adquire a segurança para se expor ao vivo, resguarde-se. Os Heaven 17 nunca deram concertos nos anos 80 e foram uma das mais interessantes bandas da pop electrónica de então. Seriam falsos e fabricados? Nah...



Só para baralhar ainda mais a coisa, esta é uma atuação em Novembro na TV alemã... E correu bem melhor. O nervosismo explica assim parte do desaire no SNL. Mas há fragilidades que exigem trabalho com um professor de canto. E tempo. Porque temos sempre tanta pressa em tudo?