A decadência dos Oscars, em particular na sua capacidade de mobilizar as grandes audiências de outras épocas, nada tem a ver com as qualidades dos filmes envolvidos — e não tenhamos dúvidas que, este ano, voltaremos a ter um leque de filmes nomeados que inclui muitas e admiráveis preciosidades.
Tal decadência decorre da banalidade dos conceitos de entertainment que têm vindo a contaminar todo o seu enquadramento e promoção (mesmo quando a cerimónia propriamente dita possa envolver grandes momentos). Este ano, o trailer de promoção dos Oscars de 26 de Fevereiro, encenando uma expedição à Mongólia (?) para descobrir o apresentador Billy Cristal, é um aparatoso desastre.
Quem terá pensado que encenar uma viagem intercontinental de Josh Duhamel (??) e Megan Fox (???), à procura de "the host", seria um bom factor de sedução dos potenciais espectadores? Os resultados cruzam patéticas imitações de James Bond e Indiana Jones, com o elenco, incluindo ainda William Fichtner, Vinnie Jones e Robin Williams, a tentar disfarçar a inconsistência de tudo aquilo. Compreende-se que já não existam as bases do glamour clássico de Hollywood. Em todo o caso, espera-se sempre que a fasquia artística da Academia esteja um pouco acima da vulgaridade das rotinas televisivas.