quinta-feira, dezembro 22, 2011

Os melhores discos de 2011
por Mário Lopes


Em tempo de revisão do que aconteceu ao logo de 2011 hoje escutamos o melhor do ano segundo Mário Lopes, jornalista do Público. Um obrigado ao Mário pela colaboração. 

Criar listas nestes tempos não é tarefa fácil. Nada é estanque e não há qualquer linha condutora a apontar uma ideia de futuro. Existem mil possibilidades de futuro, mil hipóteses de presente para aproveitar. Nesse sentido, a época que vivemos é, musicalmente, tão excitante quanto frustrante. Vivemos em contínuo zapping de estímulos: do blog de música para a canção que o amigo partilhou no Facebook, do aleatório no iTunes ao CD procurado muito propositadamente na prateleira, do clássico moderno a rodar no gira-discos ao vídeo do Youtube a que chegámos por recordar um guilty pleasure - e, na barra do lado, cem outras outras possibilidades de mergulho no passado se abrem. Compartimentar este universo desordenado em algo tão definido e hierarquizado como uma lista de final de ano é, portanto, tarefa cada vez mais difícil. O que significam realmente aqueles primeiro e segundo lugares, bem como e os restantes que se lhes seguem? Nada mais que uma tentativa de organizar o mosaico de tempos e estéticas em colisão que compõem a música popular urbana da actualidade. Isto, claro, seguindo os critérios incrivelmente estritos que se seguem: pesa-se a forma como esta música nos tocou e acompanhou ao longo do ano, e soma-se ao resultado a relevância que lhe vemos para além da nossa esfera de afectos. No meu caso, o resultado deu no que se segue. Significa o que significa. Mas ponho as mãos no fogo por todos estes discos.

1. Wit's End, Cass McCombs 
2. A Árvore Kriminal, Halloween
3. No Time For Dreaming, Charles Bradley
4. Days, Real Estate
5. Last Summer, Eleanor Friedberger
6. Ex-Military, Death Grips
7. Bad As Me, Tom Waits
8. Fala Mansa, Norberto Lobo
9. Live Music, Strange Boys
10. Arabia Mountain, Black Lips
11. Let England Shake, PJ Harvey
12. B Fachada, B Fachada
13. Smoke Rings For My Halo, Kurt Vile
14. Pintura Moderna, Aquaparque
15. Helplessness Blues, Fleet Foxes
16. Lisboa Mulata, Dead Combo
17. Apocalypse, Bill Callahan
18. A Creature I Don't Know, Laura Marning
19. Building Waves, Glockenwise
20. Badlands, Dirty Beaches

Apostas para 2012: 

Throe & Shine: Rockuduro pode soar mal no papel - teclados e guitarrada violenta reunidos a ritmo kuduro? -, mas quem já viu um concerto dos portuenses sabe que o resultado é impressionante: gingamos a anca ou entregamo-nos ao headbanging? Ambos. Uma deliciosa esquizofrenia.

The Shins: Mais de dez anos depois da estreia em estado de graça com Oh, Inverted World, conseguirão os Shins manter a capacidade de maravilhamento? A verdade é que duvido. A outra verdade é que, por Oh, Inverted World e por Chutes Too Narrow, quero muito acreditar que sim, que serão capazes.