quarta-feira, dezembro 14, 2011

Novas edições:
Son Lux, We Are Rising


Son Lux 
“We Are Rising” 
Anticon 
5 / 5

Ainda vamos a tempo. Perante a multidão de discos que todas as semanas chegam aos escaparates (os físicos e os digitais) não é fácil dar conta do recado e, com frequência, há títulos que nos passam ao lado. Não tendo dado por ele na hora certa, a verdade é que a descoberta do segundo álbum de Son Lux ainda chegou a tempo de o inscrever entre os acontecimentos maiores de 2011. Porque o é, de facto, representando uma continuação directa de esforços de abertura de horizontes que álbuns com The Age of Adz de Sufjan Stevens ou He Poos Clouds de Owen Pallett (então sob a designação Final Fantasy) tão bem ousaram ensaiar. Son Lux é o nome pelo qual responde Ryan Lott, um jovem compositor norte-americano que resolveu responder a um desafio lançado pela NPR (ou seja, a National Public Radio) que pedia que, do nada, um álbum inteiro fosse criado no espaço de apenas 28 dias (aqueles que este ano contou o mês de Fevereiro). Assim nasceu We Are Rising, que levou bem mais adiante as visões que o próprio antes experimentara no álbum de estreia At War With Walls and Mazes, de 2008 e continuado no EP Weapons, editado no ano passado. O disco é uma aventura que transcende as noções de género e fronteira, experimentando cenografias elaboradas e linhas complexas sem contudo perder de vista a ideia da canção. As electrónicas são aqui elemento estruturalmente marcante, a presença de outros instrumentos (bem para lá do bouquet habitual em terreno não orquestral) amplificando os contrastes e acrescentando cores a uma música que cativa e (também ela) desafia. We Are Rising é daqueles raros discos que, chegados ao fim, nos compelem a regressar à casa partida para que a viagem não termine. É uma experiência rica em acontecimentos, as muitas formas convocadas acabando bem arrumadas pelas mãos do compositor e colaboradores que ao disco chamou, com Flickers, o tema que abre o alinhamento, a deixar bem claro (e sem nos enganar) o caminho que temos pela frente. Reconhece-se um interesse pela estrutura da canção, mas também uma visão que procura mais além, afinidades podendo ser apontadas com alguma música do nosso tempo, nomeadamente a de um Nico Muhly. Se Messiaen tivesse vinte e tal anos e fizesse um disco pop poderia ser este o seu som. É bom saber que há desafios assim.