A difusão antecipada, na Internet, das fotografias de Lindsay Lohan para a próxima edição da revista Playboy (Jan./Fev. 2012) constitui, em boa verdade, um acontecimento banal dos tempos que correm: desde logo, porque muita informação contemporânea vive dessa obsessão pueril da "antecipação"; depois, porque a celebração histérica da nudez é um sinal de uma hipocrisia, também contemporânea, que gosta de demonizar aquilo que, no mesmo momento, difunde.
Do que se fala menos é da mágoa que perpassa pelas imagens. Não pela nudez do corpo, mas pelo esvaziamento da identidade. Nada a ver com exercícios de desafio, alegremente lúdicos, que figuras como Madonna sabem colocar em movimento. Dir-se-ia que Lohan se expõe, aqui, na condição de incauto avatar de uma mitologia que, em tudo e por tudo, a transcende. Talvez um pouco como a própria marca "Playboy", tentando preservar uma cultura hedonista que a convulsão das décadas, afinal de contas, reduziu a um discurso de insólita nostalgia.
Tendo em conta que as dramáticas atribulações da vida privada de Lohan a transformaram em objecto de permanente manipulação pela imprensa de espírito tablóide, o menos que se pode dizer é que a sua instrumentalização mediática está longe de ter terminado.
Tendo em conta que as dramáticas atribulações da vida privada de Lohan a transformaram em objecto de permanente manipulação pela imprensa de espírito tablóide, o menos que se pode dizer é que a sua instrumentalização mediática está longe de ter terminado.