O mais recente álbum de St Vincent era um dos discos mais esperados do ano e em nada desiludiu. Não faltam boas canções em Strange Mercy. Mas Cruel, o cartão de visita, foi momento inesquecível.
Estávamos em Setembro quando, aqui era apresentando o álbum de St Vincent, assinalando o texto que o projecto com nome atrás do qual se guarda a figura de Annie Clark evitou a entrada numa “via rápida”, optando “antes por virar para um mais desafiante roteiro”. Ou seja, “não procurando atalhos, mas enfrentando o terreno pela frente e, mesmo de mapa na mão, saboreando a descoberta do que a cada curva o seu trajecto possa sugerir”. Assim foi. E, depois de Actor ter sido apontado como um dos acontecimentos de 2009 houve quem esperasse uma lógica de continuidade directa. Mas na verdade o novo disco resolveu surpreender. “Em Strange Mercy encontramos uma mais marcada presença das guitarras, uma angulosidade mais evidente nas formas, uma arquitectura rítmica menos polida, mas sem que tal contrarie uma escrita de canções que mantém viva uma ideia de elegância (que a voz tão bem interpreta), aprofundando depois a carga dos sentidos das palavras, vincando mais profundamente uma inquietude que nos obriga a regressar a esta música vezes sem conta”. Revelava-se assim um disco que é “espaço de descoberta não apenas para o músico, mas também para quem o escuta”. Cruel foi, então, o perfeito levantar do véu para esse instante feito de (boas) surpresas.