domingo, dezembro 18, 2011
As canções de 2011 (7):
Bon Iver, Calgary
Mais um instante marcante de 2011. Uma entre as canções de um álbum que apetece transformar, todo ele, em “canções do ano”... Mas a escolher uma, fica a que lhe serviu de cartão de visita. Eis Calgary, de Bon Iver.
Em Julho dizia aqui no Sound + Vision que “são antigas as histórias de músicos que se isolam em pequenos espaços em ambiente rural para, a sós, com um novo mundo à sua volta, encontrarem o caminho que os leva à sua música”. Lembrava então que não deverá haver história mais célebre de uma “cabana” (era na verdade uma minúscula casa) feita espaço de trabalho de um músico que aquela dentro da qual Mahler passava muitos dos seus dias de Verão, de lá saindo com as partituras de nova sinfonia... “É certo que não podemos comparar nem a vida nem a amplitude da escrita de Justin Vernon à de Gustav Mahler. Mas tal como o grande compositor, também ele encontrou o seu caminho numa cabana. Não com os Alpes pela frente. Mas no Wisconsin onde se reinventou e redescobriu no mais minimalista dos climas, apresentando-se ao mundo em 2008 pela via do nome Bon Iver e com as discretas canções do álbum de estreia For Emma, Forever Ago”. Foi preciso esperar três anos por um novo passode grande fôlego... Bon Iver, o álbum que este ano fez o tão esperado reencontro “traduz este tempo que passou” e sobretudo “um novo sentido cenográfico em canções que, sem perder a autenticidade e melancolia do álbum de estreia, se mostram agora mais elaboradas, revelando um novo interesse pela noção de espaço”. É um “disco que mostra como ainda há novos caminhos possíveis a partir das genéticas da folk”, escrevia-se então por aqui. E Calgary é um bom exemplo disso mesmo.