Mês Kate Bush - 4
Ao longo deste mês especial dedicado a Kate Bush vamos apresentar aqui algumas visões pessoais sobre títulos da sua discografia. Hoje é João Morgado Fernandes, autor do blogue French Kissin’ quem apresenta o álbum de 1978 The Kick Inside.
Em 78, pouco nos podia surpreender. Nos tops, havia tudo e o seu contrário, o punk e o disco sound, os dinossauros excelentíssimos e também os outros. Mal sabíamos nós que, três anos antes, a discográfica EMI havia assinado um promissor contrato com uma jovem prodígio de 16 anos. Quando o segredo foi revelado, as rádios de todo o mundo não tiveram outro remédio senão repetir até à exaustão uma das mais estranhas canções pop jamais gravadas. Wuthering Heights está longe, muito longe mesmo, de ser uma canção fácil. Não se trata apenas de uma questão de oitavas, mas da própria matéria de que é feita. Inspirada no romance Monte do Vendavais, de Emily Bronte, aborda o amor incondicional, o amor que não respeita sequer as fronteiras da vida. Arrepiante, em mais que um sentido. E eis então Kate Bush na sua primeira aventura, The Kick Inside, cunhando um estilo de dupla face: a singularidade da voz; as referências culturais acima do comum. O disco tem ainda outras grandes canções, como a sexualmente explícita Feel It. Kate não voltaria a repetir o sucesso comercial de Wuthering Heights, mas felizmente viria a fazer muito melhor em alguns dos discos posteriores.