terça-feira, novembro 15, 2011

Novas edições:
Stilk Corners, Creatures of an Hour



Still Corners 
“Creatures Of An Hour” 
Sub Pop Recordds 
3 / 5 

Nos últimos tempos, ao lermos opiniões sobre o quarteto londrino Still Corners, tanto encontramos, por uns lados, referências à nouvelle vague francesa como, noutros, a Itália... Na verdade há aqui ecos de um lado e do outro, a mais transversal das referências mostrando-se todavia no plano de uma adopção da reverberação eléctrica como base de trabalho cénico sobre o qual evoluem depois as canções. Herdeiros também, portanto, dessa “geração” mítica de acontecimentos que tantas vezes apontamos com origem (mediática, naturalmente), na cassete C86 distribuída há 25 anos pelo NME, os Stlll Corners fazem de Creatures of an Hour mais um espaço de diálogo entre essas mesmas referências indie de meados dos oitentas com formas características dos sessentas, com alguma familiaridade até para com as ideias recentemente reveladas pelo projecto Cat’s Eyes. O seu álbum mostra contudo uma colecção de canções num espaço menos dado a grandes amplitudes na gestão da intensidade rítmica e do fulgor interpretativo. Essencialmente plácida, a música dos Still Corners define discretas canções que são o espaço ideal para a expressão da voz sussurrada de Teresa Murray. É o seu registo vocal que muitas vezes transporta ecos da memória de uma pop francesa que fez escola nos sessentas (o belíssimo The White Season poderia ser descendente de um momento de um álbum de Françoise Hardy), os ecos das guitarras promovendo por vezes as eventuais “referências” italianas (mais próximas da música dos filmes western spaghetti que de qualquer tradição vocal local), como podemos escutar num I Wrote In Blood. Apesar da pouca vontade em ir para lá de uma fronteira definida pelos ingredientes convocados, o álbum de estreia dos Still Corners é um pequeno doce chill out, deixando claro como a distorção que os visionários de 86 moldaram ao formato da canção ainda é coisa nutritiva 25 anos depois.