domingo, novembro 27, 2011

Entre imagens de Berlioz



Obras de Berlioz pelos Musiciens du Louvre, dirigidos por Marc Minkowski. Com o violetista Antoine Tamestit em Harold en Italie e com Anne Sofie Von Otter em Les Nuits d’Eté. A edição é da Naïve.

Os primeiros compassos de Harold en Italie poderão levar muito boa gente a uma breve memória das imagens (ainda bem recentes) de A Árvore de Vida, de Terrence Malick, onde um excerto de uma gravação desta obra sinfónica de Berlioz é usada. A história desta obra nasce, na verdade, de imagens. Mas de outras imagens, que o compositor francês colheu de uma passagem por Itália na década de 30 do século XIX, essa experiência pessoal juntando-se depois a uma ideia de ficção para dar corpo a uma obra que teve como verdadeiro ponto de partida uma solicitação de um outro compositor, Paganini, que, tendo comprado recentemente uma viola feita por Stradivari lhe havia dito que só ele seria capaz de criar uma peça na qual ele pudesse explorar devidamente o seu novo instrumento. Ao mostrar a partitura, que revelava mesmo assim um espaço para uma viola solista, Paganini não gostou… Opinião bem diferente tiveram as plateias que, desde a sua estreia, em 1834, fizeram de Harold en Italie um dos “casos” de maior reconhecimento entre a obra de Berlioz, e que o próprio dirigiu inúmeras vezes ao longo da sua vida. Foi, de resto, uma das obras que apresentou quando, em 1868, assinalou a sua última actuação como maestro, em S. Petesburgo.

Num exemplo magnífico do que é fazer uma boa edição discográfica, a belíssima interpretação desta obra pelos Musiciens du Louvre, sob direcção de Marc Minkowski, e com o violetista Antoine Tamestit como solista é mote para um lançamento que junta ao disco um booklet com imagens de itália e varios textos, um deles sendo inclusivamente um exceerto das memorias do próprio compoistor, no qual lemos o “episódio” da co-protagonizado por Paganini. Além de Harold en Italie o disco inclui uma sublime interpretação vocal de Anne Sofie von Otter em Les Nuits d’Eté e ainda Le Roi de Thulé, um momento de La Damnation de Faust, uma das obras maiores de Berlioz.