domingo, novembro 13, 2011

As histórias de Kate (parte 2)

Mês Kate Bush - 11



Kate Bush saiu do estúdio e fez-se à estrada em 1979. Essa seria contudo a única digressão da sua carreira. Afasta-se dos palcos decidida a ter mais um par de discos nas mãos antes de regressar aos concertos, mas a ideia acaba poer nunca se concretizar e pelos estúdios (e pontuais participações em concertos especiais) se faz então a sua vida nos anos 80.

Abre a década ao som de Never For Ever, o primeiro álbum no qual toma um papel activo na produção, experiência que a leva a alargar os horizontes da sua música para lá dos espaços que havia visitado em The Kick Inside e The Lionheart. O disco, que tem Babooshka como memória mais mediatizada é, na verdade, um espantoso abrir de novas janelas a novas referências, assinalando ainda a primeira entrada em cena dos sintetizadores e das programações rítmicas na sua música. Estávamos, afinal, nos oitentas. A experiência de novas ferramentas e ideias aprofunda-se depois em The Dreaming (1982), álbum que compõe num teclado de um Fairlight e não ao piano e que revela uma ainda mais profunda relação com as novas formas e ferramentas ao serviço da música nesse tempo. Sem vontade de ficar muito tempo a marcar passo pelo mesmo caminho, muda inesperadamente de rumo em The Hounds of Love (1985), disco que apresenta sob uma lógica conceptual (separando temas pelas duas faces, substancialmente diferentes entre si, da edição em vinil). O disco revela ainda um aprofundar de uma linguagem mais sofisticada e elegante, valendo-lhe um dos momentos mais bem sucedidos de toda a sua carreira.

A década de 80 é tempo de importantes e variadas colaborações para Kate Bush. Em 1979 tinha já escrito e interpretado o tema The Magician para o filme The Magician of Lublin, de Menahem Golan. Seis anos depois assina uma versão de Brasil, de Ary Barroso, que Terry Gilliam usa na banda sonora do seu Brazil, usando arranjos (e gravada sob a direcção) de Michael Kamen. Outra experiência para cinema surge em 1986 com Be Kind To MY Mistakes, tema que escreve para Castaway, de Nicholas Roeg. As suas parcerias não se esgotam contudo nos espaços do cinema. Em 1979 havia colaborado em duas das canções do terceiro álbum a solo de Peter Gabriel. O reencontro faz-se em 1986 ao som de Don’t Give Up, dueto que ambos assinam para o álbum So, de Gabriel. Entre as várias participações em discos de outros artistas que então assina contam-se ainda o tema-título do álbum The Seer dos Big Country ou Sisters and Brthers, do álbum Answers To Nothing, o segundo a solo de Midge Ure, que entretanto havia abandonado os Ultravox.