segunda-feira, outubro 17, 2011
Uma noite em Lisboa
Foi ao dedicar aos tempos que correm o tema Bermondsey Street, uma das canções de Lupercalia que descreveu como sendo optimista na medida do possível, que Patrick Wolf fez com que a noite de reencontro com um palco lisboeta (no espaço TMN Ao Vivo) ganhasse uma inscrição no mapa do tempo que vivemos. Não o fez certamente por qualquer panfletarismo político mas porque, mesmo num quadro lúdico e com banda sonora que pode servir de escape, havia uma realidade a esperar cada um dos presentes mal saísse da porta e regressasse à vida real... Sendo que, como se viu, esse regresso se fez com um sorriso que traduzia ecos de um serão bem vivido.
Mesmo assim este não foi o melhor dos concertos que Patrick Wolf trouxe a Lisboa. Competente e dedicado, sem dúvida. Versátil no alinhamento. Mas com uma bateria que parecia afogar tudo ao seu redor (será problema da sala ou excessivo protagonismo dos respectivos microfones na mesa de mistura?). E uma vontade em trabalhar velhas canções segundo a paleta instrumental mais próxima de Lupercalia que ora resulta em belos momentos (como se escutou em Bluebells) ou nem por isso (Accident and Emergency ficou muito aquém do bilho pop do original). Correram melhor as evocações de memórias folksy (tanto de The Libertine, com o velho ukelele nas mãos, como de Damaris, explorando o lirismo do som da harpa). E muito bem correram os instantes em que visitou Lupercalia, da poderosa abertura ao som de Armistice, passando pelo brilho de Home ou Time of My Life, com momento maior ao som de Together, canção que pede edição no formato de single. Pena o encore de dieta ao fim da noite, a fechar com a repetição de The City, desta vez sob dedicatória a Lisboa (e com promessa de regresso em 2012)...