domingo, outubro 23, 2011

Philip Glass com sotaque das Caraíbas


Obras originalmente para piano, assinadas por Philip Glass, em interpretação por uma steel band nova iorquina. Em gravação editada pela Orange Mountain Music. 

As steel bands são uma das timbricamente mais interessantes criações da música caribenha. São bandas de percussão que usam como instrumentos velhos bidões de petróleo, trabalhados (com martelo) para os moldar a um registo específico de afinação. O responsável pela steel band da NYU pensou em juntar este universo à música de Philip Glass, tomando como objecto de trabalho o conjunto de peças para piano que este compôs sob o título Études. A relação pode parecer surpreendente, talvez mesmo bizarra. Mas Jonathan Haas reconheceu haver um mundo a trabalhar nas possibilidades do encontro destas peças de Glass no quadro das características do som de uma steel band. Sendo que, no fundo, podemos ainda convocar a memória de alguma música tradicional do Bali (repetitiva nas formas, e que está na base de um qualquer olhar panorâmico de focos que captaram a atenção dos primeiros compositores minimalistas) como um terreno de afinidade remota que não deixa de ser igualmente um bom ponto de partida para a justificação desta ideia. Ou, como o texto do próprio booklet lembra, os estudos pioneiros de Messiaen sobre a relação entre música, som, cor e emoção. Surge assim NYU Steel Plays Philip Glass, disco que arruma, por ordem distinta da habitualmente apresentada ao piano, os seis dez Études para teclado. O responsável pela ideia tem uma larga experiência no trabalho de adaptação da música de Philip Glass a ensembles de percussão. O resultado é um inesperado mergulho caribenho pela música de Philip Glass. Na verdade mais curioso que verdadeiramente interessante.