quarta-feira, outubro 12, 2011

Novas edições:
The Field, Looping State of Mind


The Field 
“Looping State of Mind” 
Kompact Records / Flur 
3 / 5 

O sueco Axel Willner continua a gostar de se esconder por detrás do nome de trabalho The Field. Opção de continuidade que, ao cabo de três álbuns, o confirma como uma refêrencia contemporânea no panorama das electrónicas (potencialmente) dançáveis, num espaço algo derivado de matrizes techno, porém cada vez mais interessadas em explorar outras situações e caminhos, progressivamente mais distantes de uma eventual relação com a pista de dança. Depois de uma inesquecível estreia ao som de From Here We Go Sublime (em 2007) e de uma consistente continuação de ideias em Yesterday and Today (2009), ao terceiro álbum sentimos uma mais intensa presença de diálogos entre as programações e instrumentação “convencional”, procurando caminhos mais feitos de progressões rumo a paisagens interiores que visando uma qualquer exteriorização (destino mais frequente em terreno “dançável”). Houve já quem identificasse um eventual relacionamento entre esta música e heranças da cultura shoegazer, definindo assim caminhos com algumas afinidades para com o percurso de uns M83. O clima de tensão que parece desenhar-se e a densidade das texturas que envolvem a progressão das estruturas rítmicas e a repetição dos módulos (que desde logo cativam atenções) admitem, de facto, essa possível nova forma de assimilar essas heranças, porém sob uma lógica que Willner mantém firme numa visão pessoal de música repetitiva, por vezes no limiar de uma ideia de hipnotismo gradualmente estabelecido a cada novo ciclo que se soma, e com belos resultados em Is This Power ou It’s Up There (que abrem o alinhamento) ou, mais adiante, no não menos inebriante Arpregiated Love. Aprofundando o clima de tensão (de alma shoegazer) no tema-título, que surge a meio do alinhamento. Sinais de outras demandas chegam depois em Then It’s White, onde entra em cena uma vontade de escutar micro-acontecimentos, um piano e um regime textural talvez mais cinematográfico. Já Sweet Slow Baby usa uma sugestão de tensão industrial (de alma mecânica) para, sobretudo, explorar um desenho de evolução de pequenos acontecimentos no plano textural. Looping State Of Mind parece assim, mais que um novo patamar alcançado, o retrato de um momento de reflexão. Sobre novas formas de encarar caminhos antes tomados e sobre outros horizontes a seguir eventualmente num futuro próximo. Pode não repetir a excelência (nem a surpresa) de outros discos. Mas deixa claro que este é um nome ainda a acompanhar com atenção.