segunda-feira, setembro 12, 2011
Um barão num motel lisboeta
Foi talvez dos melhores momentos do quinto MOTELx que ontem terminou. Assinado por Edgar Pêra, O Barão parte de uma mitologia que, mesmo antes de projectada a primeira imagem, sugere desde logo um desafio. Imagens perdidas de um filme nunca acabado, rodado nos dias do velho regime, surgiram há uns seis anos num cine-clube no Barreiro. Baseado num texto de Branquinho da Fonseca, o filme nunca acabado (por ordem oficial) conhece agora vida. É, mais que uma narrativa, o retrato de um cacique. Um barão que vive em terras barrosãs, num mundo onde é temido, pode quer e manda. É Nuno Melo quem veste (magnificamente, sublinhe-se) este barão que Edgar Pêra encena num espaço onde a luz e o som definem um ambiente que deixa claro não estarmos perante coisa realista. Pelo contrário o filme procura precisamente definir uma atmosfera essencialmente plástica, onde as evocações do film noir dos quarentas, a participação dos Vozes de Rádio e Toca Rufar (a “Tuna”, como o Barão lhes chama) ou a utilização da legendagem como mais que mera legendagem para ler o filme (falado em português) em inglês são elementos que valorizam a experiência. Talvez seja longo demais. Mas é garantidamente uma experiência nova de cinema, esta que o Barão nos mostra. O filme terá estreia nacional em sala em finais de Outubro.
Imagens do trailer de O Barão