quinta-feira, setembro 08, 2011

Realismo social (à italiana)


Tempos houve em que o cinema italiano tinha um lugar forte no mercado português. Desde os mestres do pós-neo-realismo (Antonioni, Fellini, etc.) até ao fulgor da tradição da comédia (Risi, Monicelli, Comencini, etc.), os filmes italianos eram descobertos com admiração e respeito, não menosprezados por um público indiferente que foi levado a confundir a "acção" com a acumulação de efeitos especiais...
Aí está mais um notável exemplo para percebermos as diferenças: A Nostra Vida, de Daniele Luchetti, é um retrato cru das atribulações de um encarregado da construção civil que se transfigura em drama (e melodrama) familiar, na melhor tradição de um realismo que, apesar de tudo, apesar da invasão da mediocridade televisiva, sempre soube manter uma dimensão genuinamente social. E com actores fora de série: Elio Germano [à direita, na imagem] é um desses actores – ganhou o prémio de interpretação masculina (ex-aequo com Javier Bardem, em Biutiful) no Festival de Cannes de 2010.