sexta-feira, setembro 16, 2011

Dali à meia-noite (em Paris)


Adrien Brody como Salvador Dali é um dos momentos mais divertidos de Meia-Noite em Paris, de Woody Allen. Podemos ver nele o símbolo do reencontro do autor de A Rosa Púrpura do Cairo (1985) com esse gosto peculiar pelo cruzamento entre os arroubos românticos e as tentações da fantasia. Ou ainda: pela coabitação entre a memória histórica e a sua pulsão irrealista (surreal, por certo).
Que tudo isso nasça das deambulações de um argumentista de Hollywood (Owen Wilson) em Paris, eis o que diz bem do distanciamento irónico que Woody Allen a si próprio impõe. Em boa verdade, não ficamos com a certeza de que ele consiga concretizar a sua ambição de escrever um primeiro romance... Mas o cineasta, ainda em paisagens europeias, reencontra algo de visceralmente ligado às suas raízes americanas.