quinta-feira, agosto 25, 2011

Mais canções censuradas na China


"Mau gosto" e "conteúdos vulgares" — eis os inimigos principais da música. Quem o diz é o governo chinês, o que, convenhamos, não deixa de suscitar alguma curiosidade. Será uma tentativa de valorização da seriedade criativa e do arrojo estético e temático? Infelizmente, não. Se repararmos com atenção, não é disso que estão a falar as autoridades de tão grande e fascinante país. Ou seja: a China voltou a publicar uma lista de canções interditas, incluindo as do álbum Chinese Democracy (2008), dos Guns N'Roses. Digamos que a escolha de tal título é francamente imprudente, prestando-se a interpretações politicamente pouco saudáveis...
Além do mais, é bem verdade que Lady Gaga anda a precisar de parar para pensar, mas a proibição de nada mais nada menos que seis das suas canções (The Edge of Glory, Hair, Marry the Night, Americano, Judas e Bloody Mary) envolve uma discutível pedagogia artística.
Entre os interditos figuram ainda, entre outros, Katy Perry, Backstreet Boys (I Want it That Way, publicado em... 1999!), Britney Spears, Eminem, Christina Aguilera e Kylie Minogue. Até mesmo Run the World (Girls), de Beyoncé, parece suspeito de... desafio ao poder masculino? [reproduz-se em baixo]

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Há qualquer coisa de visceralmente perturbante em tudo isto. Tem a ver, naturalmente, com a violência do gesto censório. Mas também com a bizarria de uma atitude que parece acreditar (?) que, no planeta hiper-saturado de canais de difusão em que vivemos, tudo pode acontecer como nos tempos mais primitivos (pré-digital, pré-Internet) das comunicações humanas.
Em boa verdade, emerge aqui uma questão plenamente política: como é que a China, referência de tão rico património cultural e de tanta energia criativa, pode habitar as convulsões próprias do século XXI?