Is Tropical
“Native To”
Kitsuné Records
3 / 5
Vagueando por sites e blogues, procurando alguma informação sobre o trio londrino Is Tropical verificamos que, com alguma frequência, há quem aponte como estavam na linha da frente dos apetites dos hypes há uns bons meses atrás e como, entretanto, a coisa desvaneceu... Será que perdemos tempo a constar, num texto, que, de noite, o Sol não brilha no céu ou que uma pedra de gelo é coisa gelada? Falar na vulnerabilidade e curto tempo de vida dos muitos micro-fenómenos de delírio instantâneo que a Internet hoje promove é igualmente perder tempo a constatar o que já sabemos. Com pausa, talvez, para reconhecermos quão frágeis acabam assim por ser esses entusiasmos quem, mais hora menos hora, cedem as atenções à canção da banda que se segue, desde que seja novidade... Entusiasmos na verdade tão ténues e coxos como aqueles que cantam, aos sete céus, à saída da sala de cinema, a cada filme que se vê, que foi o melhor que já se viu e bla bla bla... Alguém ainda acredita?... Dos Is Tropical o que, por outros caminhos, podemos dizer, é que confirmam em disco o que foram revelando, aos poucos, em singles que cativaram primeiras atenções. Aqui se promove um encontro entre o electro e uma pulsão rock de alma indie, o álbum Native To afirmando-se assim como mais um descendente dessa escola que, desde finais dos oitentas, mostra como os métodos (e sons) da música de dança têm ajudado a reinventar as sucessivas heranças do rock. As electrónicas dominam os cenários, a arquitectura dos ritmos é segura, a canção está sempre na mira das atenções. Pelo alinhamento correm alguns dos singles (e lados B) que já haviam antes revelado. Estão por cá as naturais heranças do pós-punk dos oitentas, mas é num espaço de entendimento mais próximo com formas actuais (como já escutámos nuns Klaxons ou afins) que mora a alma pop com vontade de dançar dos Is Tropical. Não vão mudar o mundo. Talvez nem assinem a banda sonora das festas deste Verão. Mas não é pela quebra de hype que se explica a coisa. Native To é, apenas, um agradável disco de canções pop irrequietas. E isso não é suficiente?