O horror figurativo de Morangos com Açúcar continua. E já nem se trata apenas de observar que todas as personagens são variações sobre os mesmos esteréotipos de jovialidade, frescura e alegria... Para além disso, as imagens são também, todas elas, de concepção estética medíocre, de sentido de composição nulo, enfim, apresentam-se como vinhetas intermutáveis de um conceito oco de juventude. Sempre, sublinhe-se, com a sugestão de um "erotismo" grosseiro, sem outra intensidade que não seja a retórica de uma pose banalmente publicitária. Daí a tristeza destes corpos: expõem-se, desarmados, e parecem vestidos com armaduras simbólicas que lhes tolhem a pele e as ideias.
Bigger than life — proclamava o grande cinema clássico, em particular o que soube auscultar as vibrações interiores da juventude. Aqui, é tudo tristemente small...
Porque é que, entre os muitos que proclamam discursos de exaltação ou protecção dos jovens, ninguém nomeia Morangos com Açúcar? Estão a falar do nosso país ou apenas de uma galáxia alternativa onde a juventude não passa de um gadget publicitário?