You Can’t Win Charlie Brown
“Chromatic”
Pataca Discos
4 / 5
O panorama da música portuguesa, departamento pop/rock e periferias, conhece de vez em quando, frequentemente entre vagas de silêncios, episódios que transpiram sorrisos que contrastam um uma certa falta de auto-estima que muitas vezes cruza um falar muito local sobre o que por aqui se faz... E é ao som dos You Can’t Win Charlie Brown que se assinala, neste momento, um caso que começa a conquistar a dimensão de raro entusiasmo. Já por aí andam há algum tempo (longe ainda de coisa veterana, é certa). Estrearam-se com um EP que cativou algumas atenções. Ampliaram a formação, expandiram o quadro de identidades. E chegam agora a Chromatic com uma mão cheia de canções que faz deste um dos melhores álbuns de estreia que o panorama local viu nascer nos últimos anos. Aqui há diálogos entre o dedilhar das cordas das guitarras e as electrónicas, entre ecos de heranças folk e vicvências urbanas, entre a placidez de uma voz que canta histórias e climas mais coloridos que noutros instantes sugerem a festa. No pequeno texto com que se apresentam no Facebook fala-se de referências como Sufjan Stevens, Nick Drake, Bon Iver ou Grizzly Bear. Podem juntar o nome dos Animal Collective (embora pareçam buscar um lugar que não o da lógica circular em clima tribal dessa que foi a mais influente das bandas da primeira década deste século). Chromatic é um disco que mostra uma banda confiante e entusiasmada. É um pequena paleta feita de cores e belas canções. Como lembramos das histórias da personagem criada por Schulz que dá nome à banda, aqui se cruzam melancolias e sorrisos. Aparentes opostos que a revista francesa Les Inrockputibles apontou ao elogiar o disco, juntando mais um instante ao momento de polegar lecvantado que, merecidamente, o grupo vive neste instante.