A proliferação dos "blockbusters-de-Verão" deu origem à definição de um novo género (?), rapidamente adoptado pela imprensa mais preguiçosa: o "filme-de-efeitos-especiais". É uma designação anedótica (o conceito de efeito especial tem mais de 100 anos) que cede à mediocridade de um pensamento meramente tecnocrático, ao mesmo tempo que mascara a existência do cinema como coisa narrativa.
Saúde-se, por isso, o aparecimento de X-Men: o Início, de Matthew Vaughn, objecto simpático pelo simples facto de, pelo menos na sua primeira metade, tentar encontrar um espaço de ficção para a existência dos seus heróis mutantes. Ao contrário dos títulos precedentes, este consegue, apesar de tudo, compreender que contar uma história é algo mais do que acumular spots mais ou menos dilatados para mostrar em televisão. Da Segunda Guerra Mundial à crise dos mísseis em Cuba, somos confrontados com personagens minimamente consistentes, marcadas pelas mais estranhas singularidades — e tanto mais quanto a defendê-las estão actores competentes como James McAvoy, Michael Fassbender [no cartaz], January Jones e Kevin Bacon.