Está anunciado para o último trimestre de 2011 um novo Footloose: dirigido por Craig Brewer, o filme propõe-se refazer o título homónimo de 1984, realizado por Herbert Ross, protagonizado por Kevin Bacon e Lori Singer.
Poderá ser um extraordinário objecto de cinema?... Acreditemos que sim. Em todo o caso, antes de avaliarmos os resultados, vale a pena perguntar porque é que um grande estúdio americano (Paramount) decide, quase trinta anos depois, retomar uma das suas franchises?
1) Por causa do sucesso do musical inspirado no filme de Ross? Talvez, mas é um facto que a respectiva estreia ocorreu na Broadway já há mais de uma década (1998), além de que o novo filme se assume como remake do original.
2) Porque o primeiro Footloose é uma data incontornável na história do género musical? Temos sérias dúvidas... Mesmo não menospre-zando o sentido de espectáculo de Ross, e também o facto de Bacon (então com 26) se ter imposto como ícone popular, Footloose é uma das muitas tentativas "incompletas" para revitalizar o musical.
3) Enfim, porque Footloose constituiu um raro fenómeno comercial, susceptível de ser repetido, mesmo num contexto totalmente diverso? Nada disso... É certo que o filme conseguiu uma boa performance comercial, mas sem qualquer carácter excepcional, terminando o ano de 1984 em sétimo lugar no top dos mais rentáveis, com 80 milhões de dólares (cerca de um terço do valor acumulado pelo nº 1, O Caça-Polícias).
Que está, então, a acontecer? Um fenómeno que envolve algum desespero: uma espécie de aposta no "passado" para tentar compensar alguns vazios do presente... A política de remakes (que não esgota, longe disso, o cinema made in USA) serve para disfarçar a crise de histórias contemporâneas. Dito isto, só poderemos formular o voto de que o novo Footloose seja uma boa surpresa e contrarie o cepticismo destas linhas.