Danger Mouse + Danielle Luppi
‘Rome’
Parlophone
2 / 5
Ninguém duvida do protagonismo que Danger Mouse merece entre o panorama pop (e arredores) que se vai construindo, semana a pós semana, nos tempos que correm. Entre o trabalho que assinou ora via Gnarls Barkley ora como produtor (de Beck aos Gorillaz, passando pelos Black Keys) somou já episódios suficientes para com o seu nome marcar momentos determinantes na história recente da música popular. No departamento das colaborações também mostrou já cartas várias, da sublime parceria com James Mercer (dos The Shins) nos Broken Bells ao apenas mediano projecto co-assinado por David Lynch na aventura Dark Night Of The Soul (que contou com uma multidão de outros colaboradores). Entre os últimos anos Danger Mouse dedicou algum do seu tempo a uma outra aventura de parceria, desta feita com o italiano Danielle Luppi e com um interesse focado na revisitação de ecos de memórias de velhos westerns (alguns em gastronomia spaghetti). Assim nasceu Roma, álbum que agora revela os frutos desse olhar urbano e contemporâneo sobre memórias com calor, areia sobre as botas, chapéu à cowboy e paisagens do velho oeste... O disco, que conta com a colaboração vocal de Jack White (o ex-White Stripes) e Norah Jones, é claro e directo nos definir da focagem da sua atenção. Mas em lugar da sujidade, sensação de espaço, tensão e aventura dos westerns que o motivam, as visões parecem apontar aqui a uma espécie de olhar chique, de design modernaço e linhas tão polidas que mais parecem coisa de desfile de moda que de passos numa qualquer alameda deserta numa pequena cidade do Oeste... Rome tem sabor a coisa mais pensada que sentida, a música de produção tão polida que em nada traduz as heranças dos objectos que certamente a motivaram. Coisa mais de elevador que de de saloon, portanto.