Na ressaca política da saída de José Sócrates, as imagens de Fernando Nobre, sozinho no hemiciclo da Assembleia da República [ex.: Jornal "i", hoje], envolvem qualquer coisa de perturbante e patético: aqui está um símbolo incauto das formas dominantes de fazer política, promovendo a questão das "personalidades" a paradigma dominante de descrição, conhecimento e avaliação do próprio trabalho político.
Nesta perspectiva, Nobre é a primeira vítima mediática da era pós-Sócrates: podemos supor (e com sólida fundamentação) que a sua vocação para presidir ao Parlamento era mais que débil. Em todo o caso, na sua solidão, lemos também as marcas cruéis de uma banal instrumentalização simbólica.