terça-feira, junho 28, 2011

"A Árvore da Vida": a galáxia da água



A certa altura, em A Árvore da Vida, impelido pela deambulação de um dos filhos, o filme mergulha, literalmente, na água. Passagem para o lado do sonho?... Seria uma explicação demasiado mecânica para um objecto que está para além (em boa verdade: aquém) de qualquer maniqueísmo do género. Desde logo porque, no interior da água, se "repetem" os elementos do lar: a criança, os móveis, uma porta, até mesmo o urso de peluche... Tudo se passa como se Terrence Malick filmasse o espaço familiar como uma derivação terrestre da imensidão da galáxia, existindo tudo tocado pela mesma imponderabilidade formal e, apetece dizer, aquática: tudo paira numa sensualidade em que tudo toca em tudo. Dir-se-á o mesmo das cenas em que a mãe corre e dança com os filhos: são felizes como peixes.