terça-feira, maio 17, 2011
Monstros (e companhia)
O cinema de ficção científica parece estar a viver uma nova etapa de afirmação de nova e entusiasmante personalidade. Longe da vontade de expor um menu rico em calorias de efeitos especiais (a coisa já se vulgarizou tanto, de facto, que sabe mesmo a pouco) parece renascer uma lógica mais assente na vontade em explorar a força das narrativa, explorando afinal o que parecem ser heranças naturais da literatura do género. Nos últimos tempos vimos interessantes exemplos de bom cinema de ficção científica em filmes como Moon, de Duncan Jones ou Distrito 9, de Neill Bloomcapm Agora, e na verdade recorrendo a linguagens não muito distintas das empregues neste último, chegou às salas portuguesas o filme Monstros, de Gareth Edwards.
Socorrendo-se de um sentido realista que em tudo foge às space operas que, durante anos, moldaram a “imagem” do cinema de ficção-científica, Monstros coloca-nos num espaço algures entre o México e os EUA. Uma zona restrita, isolada, que sujeita a quarentenas quem a passa, na qual a queda de uma nave com amostras de vida extra-terrestre contaminou os habitats... Ali há monstros... E metem medo.
A narrativa coloca pela nossa frente um fotógrafo e a filha de um magnata da comunicação, o primeiro com ordens do papá para que leve, literalmente, a filha a bom porto. Ou seja, que a coloque num ferry de regresso do México aos EUA. Em tempo e clima de corrupção generalizada, perdendo o barco, não lhes resta senão passar a “salto” a zona infectada... O medo da ameaça alienígena caminhando então a par com a descoberta de todo um novo mundo.
Com alma apocalíptica, Monstros é na verdade uma variação da mesma ideia que levou H.G. Wells a escrever a Guerra dos Mundos ainda no século XIX. Não chegam de Marte, nem com uma estratégia de invasão em mente. Mas a simples ideia de uma possível invasão, nem que pelas vias da contaminação, semeia temor suficiente para uma vez mais, e mesmo perante uma lógica do atira primeiro e pergunta depois (à maneira do velho oeste), reflectirmos não apenas sobre quão frágil é a nossa presença na superfície do mundo e quanto, na verdade, não sabemos sobre o que nos pode rodear.
Imagens do trailer do filme.