Paul Simon
“So Beautiful or So What”
Concord Music / Universal
3 / 5
Numa altura em que se assinala, com uma edição comemorativa, as quatro décadas de vida de Bridge Over Troubled Water, aquele que foi o clássico maior da dupla Simon & Garfunkel, uma das metades do duo regressa aos discos com novo disco de originais. Aos 69 anos de idade, Paul Simon junta em So Beautiful or So What o que poderíamos descrever como uma mão cheia de reflexões sobre a vida e o tempo. Distante das canções texturalmente mais elaboradas de Surprise (o disco que em 2006 gravou com Brian Eno ao leme), o novo disco assinala um reencontro com modelos mais clássicos de escrita, nos arranjos retomando uma relação com percussões e sons de outras latitudes que encontram inevitável eco de referência no clássico Graceland, de 1986 (a par com Still Crazy After All These Years, de 1975, um dos títulos centrais da sua obra a solo). So Beautiful or So What é um disco de linguagem directa, tanto na música como nas palavras, noções de precisão e concisão caminhando através de uma alinhamento relativamente curto e enxuto. Não há aqui sinais de busca por terrenos inexplorados, não encontramos desafios ousados. Apenas um veterano entregue ao seu ofício, demonstrando agilidade na escrita, através da qual define canções que reflectem visões suas (sólidas e claras) sobre o mundo em que vivemos e as ideias que nos rodeiam. Mais agitado que baladeiro, Paul Simon caminha assim em terreno seguro. Não revela por aqui instantes que eventualmente possam competir com outros que fazem parte da (sua) história da música popular. Mas em nada trai toda uma carteira de heranças nem um estatuto que dele fez, desde os sessentas, uma das vozes da América.