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Apesar da verdadeira inflacção de adaptações ao cinema de figuras e histórias nascidas na BD, a maioria dos filmes que temos visto chegar ao grande ecrã ou têm genética encontrada no universo dos comics americanos ou raízes na manga japonesa... Daí que a notícia de uma adaptação de um clássico da BD franco-belga gerasse alguma curiosidade. Recorde-se aqui que, apesar da infinita variedade de heróis e aventuras que a BD franco-belga já levou aos livros, poucos são ainda os seus heróis com vida no cinema, Astérix ou Michel Vaillant sendo raras excepções, Tintin, Marsupilami ou os Estrumpfes a caminho... E, agora, chega As Múmias do Faraó: As Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec.
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O filme toma como base de trabalho dois livros das aventuras de Adèle. Adèle e o Monstro (o primeiro, de 1976) e Múmias Loucas (1978), os males do filme não decorrendo contudo desta soma. É natural que haja liberdades criativas numa adaptação ao cinema, sobretudo se no realizador se reconhecem marcas de personalidade. Luc Besson aborda o mundo de Adèle Blanc-Sec munido com uma bateria de efeitos especiais (para recriar o pterodáctilo ou a corte do faraó que regressa à vida), cuida atentamente a recriação da Paris de 1912 e dos trapinhos (que se servem a rigor), mas falha não apenas na forma como transforma o humor negro de Tardi em gracinhas para matinée pouco exigente como no reduzir da densidade da trama (falamos da escrita) de Tardi a uma superficialidade que em nada serve a alma da BD que toma como base de trabalho.
Imagens do trailer do filme.