Blancmange
“Blanc Burn”
Proper Records
2 / 5
Não vamos aqui fazer hoje uma reflexão sobre a utilidade dos “regressos” de bandas ao activo... Sendo certo que, pelo panorama que temos visto nos últimos anos, mais são as ocasiões em que acabamos com um encolher de ombros ao som de um “mas porquê?” que aquelas em que se sente que valeu mesmo a pena... Mas falemos dos Blancmange. Foram, e sem sombra de dúvidas, uma das mais interessantes entre as bandas nascidas da geração pop electrónica britânica da primeira metade dos oitentas, com discos editados entre 1982 e 1986 nos quais juntaram a uma elegância pop um gosto por temperos menos vulgares (entre os quais um evidente interesse pela música indiana). A sua discografia deixou pistas, ignoradas anos a fio, mas recentemente reencontrada por novas figuras, dos Hot Chip a La Roux... Afastados desde então, regressam ao fim de 25 anos com um novo álbum de originais... O disco não engana. São mesmo os Blancmange, os sons das electrónicas e a voz morando uma vez mais numa mesma região demarcada que, em 1984, nos deu o belíssimo Mange Tout. Não falta a luminosidade que lhes era característica, o sentido de humor e até mesmo a ocasional marca de tempero indiano... Podiam ter abraçado novas linguagens, assimilando sobretudo novas formas rítmicas (como o fizeram os Kraftwerk no seu regresso em 2003), mas optaram por fazer deste disco o que seria a continuação directa de Believe You Me... Faltam contudo canções que façam brilhar sons e formas que, na primeira vida da banda, geraram pérolas pop como Don’t Tell Me ou What’s Your Problem, pelo alinhamento do disco havendo mais adoçante que açúcar. Já ouvimos regressos bem piores, mas não parece que por aqui passe muito entusiasmo além do que eventualmente more ainda entre os que então os seguiam com atenção...