quinta-feira, março 17, 2011

Novas edições:
Aquaparque, Pintura Moderna


Aquaparque
“Pintura Moderna”

Mbari

4 / 5


É ao cabo de algumas audições, com uma familiaridade finalmente conquistada, que se saboreia convenientemente esta Pintura Moderna. Segundo álbum da dupla Aquaparque (André Abel e Padro Magina), é um disco que volta a olhar acima dos horizontes de uma série de códigos que muitas vezes têm feito da pop made in por estes lados um espelho de sons vindos de longe, mas nem sempre devidamente assimilados. Conta-nos a história da pop feita deste lado da fronteira que um outro lado do espelho existe, sobretudo quando se lançam desafios e, desse olhar por modelos com genética que transcende os nossos códigos locais (falamos da pop, OK?), se vive uma mais profunda relação que procura, depois dessa aprendizagem, responder a uma pergunta muito simples: “afinal quem sou eu?”. O que é bem diferente do “eu vou ser como aquele”, que tantos mimetismos, daqueles que deslaçam facilmente, tem gerado... Os Aquaparque não tropeçam aí... Nem o seu promissor álbum de estreia o fizera sugerir. Mas agora, ao segundo disco, mostram ainda mais claramente que, tal como em tempos o mostraram nomes como uns Pop Dell’ Arte (ainda activos) ou Mler Ife Dada, a busca de uma verdadeira identidade não só é possível como acaba por gerar música bem mais compensadora para quem a escuta... Cruzam-se aqui heranças e experiências, muitas escutadas em discos de outras latitudes, a tempos sentindo-se o que podem ser (naturais) ecos de memórias de uns Ban (fase meados e finais dos oitentas) ou Ornatos Violeta... Electrónicas, guitarras, acontecimentos e fragmentos definem os espaços, uma ideia de melodismo pop nunca saindo de cena, as palavras moldando no fim as canções que se juntam num todo coerente e consequente chamado álbum. Pop, pois está claro.