terça-feira, março 01, 2011
Novas edições:
Fujiya & Miyagi, Ventriloquizzing
Fujiya & Miyagi
“Ventriloquizzing”
Full Time Hobby
5 / 5
Têm nome de dupla japonesa, mas nem são dois nem mesmo japoneses (na verdade ao escutá-los até poderíamos pensar que são alemães, algures acabados de chegar de uma viagem no tempo desde os anos 70...). Contudo os Fujiya & Miyagi são ingleses, de Brighton, a sua (algo discreta) tendo-nos contudo dado a conhecer alguns dos mais interessantes discos de canções talhadas a partir de genéticas electrónicas, partilhando contudo essas heranças com diversos códigos com as tradições da música eléctrica (guitarras, baixo, baterias...). Depois de terem chamado atenções com Transparent Things (o seu segundo álbum, editado em 2006) e de nos terem dado nova montra de boas ideias em Lightbulbs (2008), propõe-nos agora aquele que, se por um lado, parece ser o mais experimental dos seus discos, por outro revela a mais consistente de todas as suas colecções de canções. As electrónicas são a medula da qual partem as ideias, o regime motorik e toda uma agenda de heranças da Alemanha dos setentas surgindo como ponto de partida para uma música que integra depois o gosto pelo desafio, pela exploração dos cenários, pelo dosear de cores e formas (com uma lógica que por vezes evoca os dias caleidoscópicos do psicadelismo), isto sem abdicar pela sustentação de todo o edifício numa arquitectura sólida que junta a pulsação das electrónicas à carnalidade do baixo e bateria. Esta é uma música que partilha o apelo físico da dança com um estado de contemplação mais intelectual, a voz sussurrada de Dave Best assegurando a comunicação entre esses dois caminhos que aqui coexistem. Nota ainda para o facto deste ser o primeiro disco no qual o grupo chama a estúdio a presença de um produtor, da relação então estabelecida com Thom Monahan (que já trabalhou com nomes como Devendra Banhart ou os Vetiver) nascendo algumas das ideias que acentuam os contrastes e alargam horizontes a esta música.