Foi um concerto, no mínimo, deliciosamente atípico. Quanto mais não seja porque não é todos os dias que vemos uma plateia dominada por crianças (havia chupetas e tudo...) a assistir a uma performance de jazz. Mas foi assim mesmo: o Grande Auditório da Fundação Gulbenkian estava praticamente cheio (26 de Março, 16h00) para assistir a mais um evento da série "Descobrir/Educação para a Cultura", com a proposta 'Vem cantar jazz com o Coro Gulbenkian'.
Sob a direcção do maestro Jorge Matta, Aaron Copland e Duke Ellington foram os compositores eleitos; Marta Hugon (soprano) foi solista e tocaram Óscar Graça (piano), João Moreira (trompete), Pedro Moreira (saxofone tenor), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria). E se as canções de Copland abriram apetite para muitas mais, seria a música de Duke Ellington a marcar o concerto: uma selecção do seu Sacred Concert envolveu-nos num universo em que a liberdade criativa do jazz se revela indissociável da integração de matrizes e valores da música religiosa e, em particular, dos rituais de celebração colectiva. Por uma vez, a noção de transversalidade foi mesmo pertinente: escutando jazz, celebrando as suas singularidades e acedendo à sua universalidade.