terça-feira, fevereiro 15, 2011

Pelos filmes de Gotemburgo:
'Limbo'


Limbo, da norueguesa Maria Sodahl, é um filme feito com gente de um país que sabe o que é o frio, rodado em terras de clima quente. Estamos em Trindade e Tobago, algures nos anos 70, seguindo o espaço familiar de um técnico norueguês que ali vive o dia a dia do trabalho de uma companhia petrolífera. Ao cabo de um tempo de vida solitária na região, Daniel recebe finalmente Charlotte, a mulher, e os dois pequenos filhos que a ele assim se juntam para uma nova vida por aquelas latitudes. A descoberta de um affair do marido e a dor que o ciúme e a revolta projectam em Charlotte dão a volta ao seu mundo, das rotinas sociais ao próprio dia a dia familiar.

Limbo é assim mais uma história feita de cenas de uma vida conjugal no patamar da iminente desagregação. A projecção dessa instabilidade num palco tropical, embora vivido por gentes que vêm da Europa do Norte, é contudo um entre os vários argumentos que fazem de Limbo uma bela surpresa. A condução da narrativa, o choque de culturas, a cuidada mise en scène (num belo exemplo do que pode ser uma caracterização de época mais utilitária que formalista) e uma belíssima direcção de fotografia fizeram deste filme norueguês outro dos momentos mais inesquecíveis da edição deste ano do Festival de Gotemburgo.



Imagens do trailer de Limbo.