quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Pelos filmes de Gotemburgo:
'Brim'


Brim era a única representação islandesa entre os oito nomeados ao Dragon Award (que distingue o melhor filme nórdico) na 34ª edição do Festival de Gotemburgo. A bordo de um barco de pesca nos mares do Atlântico Norte a vida faz-se rotinas com sabor a frio e humidade, os longos turnos de 16 horas que a pequena tripulação vive (o dono do barco prefere assim reduzir o número de empregados a bordo) sucedendo-se a um ritmo repetitivo, mas em nada minimal.

A última viagem foi assombrada pela morte de um companheiro de trabalho. Em terra vivem-se instantes de escape (um dos pescadores, que já somou medalhas em competição, refugia-se na piscina, outro dá largas ao vício pelo jogo), prepara-se nova partida. A bordo o reencontro junta mais uma personagem, a sobrinha do capitão.


A presença do companheiro que os abandonou ainda é sentida a bordo, o dia a dia sem nada de realmente novo e um quotidiano com horizontes bem menos vastos que os que o mar lhes mostra no convés domina o avançar da campanha. Com um realismo sem corantes nem conservantes, Árni Olafur Asgeirsson mostra nesta sua primeira longa-metragem um espantoso talento que alia a uma capacidade narrativa uma cuidada caracterização das personagens e do espaço onde vivem os seus dias e noites. Há lugar para os sonhos, mas os ritmos da pesca, do trabalho de preparação e armazenamento do peixe, da manutenção e até mesmo a repetição de momentos de lazer (revendo invariavelmente os mesmos filmes) não os deixam ser mais senão isso mesmo. Brim foi mesmo uma das melhores surpresas do festival, revelando um filme que bem que podia descer até estas latitudes...



Imagens do trailer de Brim.