Com a estreia de As Viagens de Gulliver, torna-se ainda mais evidente o impasse criativo (e comercial, hélas!) que ameaça a vaga de cinema a três dimensões: a vitalidade dos projectos parece cada vez mais condicionada por um entendimento do 3D apenas ligado ao marketing e respectivas estratégias.
Daí que se aguardem com expectativa as propostas que, nesse campo, surgirão de cineastas como Martin Scorsese e Steven Spielberg: o primeiro através de The Adventures of Hugo Cabret, filme em rodagem em Londres; o segundo com The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn, em fase de pós-produção, título de abertura de uma trilogia coproduzida com Peter Jackson (Jackson realizará a segunda parte, prevendo-se a hipótese de Spielberg e Jackson co-dirigirem a terceira) — ambos com estreia marcada para o próximo mês de Dezembro.
Divulgadas as primeiras imagens do novo Tintin, todas as especulações são possíveis. Registe-se, em todo o caso, que se trata de aplicar o processo de motion capture, que esteve na base dos projectos de Robert Zemeckis Polar Express (2004), Beowulf (2007) e Um Conto de Natal (2009), começando com actores para chegar a personagens digitais. Daí a ambígua sensação de materialidade que os fotogramas sugerem, dir-se-ia a meio caminho entre o desenho animado e a imagem de raiz fotográfica. Resta ver e avaliar com os óculos do 3D.