sexta-feira, janeiro 28, 2011
Reedições
Stevie Wonder, For Once In My Life
Stevie Wonder
“For Once In My Life”
Motown / Universal
3 / 5
A recente agenda de reedições colocou em cena um paradigma que “exige” que o regresso aos escaparates de discos que escreveram a história (uns mais que outros, é verdade) se faça não apenas com o som remasterizado (actualizando assim as naturais exigências da tecnologia) mas também trazendo, como a lógica DVD manda, uma multidão de extras, que podem ir de simples complementos directos em áudio a imagens de concertos, entrevistas, por aí adiante... O paradigma não é contudo regra, havendo excepções que se limitam a devolver aos nossos dias sons que só as mais atentas memórias recordavam, o mero acto de as reavivar valendo por si um motivo suficiente para justificar a reedição. É o que está neste momento a acontecer com a discografia de Stevie Wonder. Nas últimas semanas regressaram aos escaparates nacionais dois títulos seus de finais dos sessentas, um deles este For Once In My Life, de 1968. Ainda longe da definição de plenitude de uma visão autoral que se manifestaria em quatro álbuns históricos lançados entre 1972 e 76 (entre os quais o mítico Innervisions, de 1973), Stevie Wonder era contudo, já me finais dos sessentas, uma figura com notoriedade e sucesso no panorama da música soul, somando de resto vários êxitos ao longo da década em si sendo já reconhecido um dos vultos maiores do catálogo da Motown. For Once In My Life é, ainda um LP pensado como muitos o eram no seu tempo: um conjunto de canções que juntavam novas gravações aos singles que, por esses dias, se escutavam na rádio e geravam êxitos. O alinhamento junta uma série de singles editados nesse ano – além do tema título conheceram vida a 45 rotações as canções Shoo-Be-Doo-Be-Doo-Da-Dey, You Met Your Match e o belíssimo I Don’t Know Why – a uma série de novas gravações, entre as quais uma versão de Sunny e, com assinatura do próprio Stevie Wonder, Do I Love Her. Editado no mesmo ano em que completava 18 anos, o disco reflecte a consolidação de uma voz, uma relação com as formas em busca de novas ideias da música soul do seu tempo e representa o primeiro contacto do músico com um teclado analógico Clavinet, que se tornaria presença regular nas suas gravações daí em diante.