terça-feira, janeiro 18, 2011
Novas edições:
Jimmy Edgar, XXX
Jimmy Edgar
“XXX”
K7!
4 / 5
Imaginemos um ponto no centro de um espaço imaginário que possa ter como vértices o universo de um Justin Timberlake, os ecos da memória hi-nrg e electro de inícios de 80 (num comprimento de onda não muito distante de um Lindstrom, todavia mais próximas do funk que do disco) ou o sentido de produção de música de dança do presente pelos caminhos DFA (mas sem presença da sua matriz rock)... É por aí que mora o som de Jimmy Edgar. Homem de muitas ideias e talentos, é um fotografo de moda bem sucedido e tem carreira na música há já algum tempo, partilhando esforços entre a composição, produção e a criação de imagens (foi ele quem assinou o teledisco de It’s Real do projecto Black Affair). Tem trabalhado sob diversas designações e nos últimos anos foi assinando sobretudo remisturas, ao mesmo tempo tacteando a ideia de uma música em nome próprio primeiro num álbum lançado em 2006 e, depois, numa série de máxi-singles que, espaçados no tempo, tem vindo a editar desde 2008. Editado em 2010, e ainda a aguardar o merecido reconhecimento, XXX é um disco que esboça uma série de visões herdeiras das fundações do electro e das primeiras derivações electrónicas do funk no início dos oitentas. Entre investidas pelos espaços da canção e paisagens instrumentais absolutamente irrepreensíveis, desenha-se uma música com alma digital (e por vezes voz robótica) mas de irresistível apelo físico à dança. Natural de Detroit, Jimmy Edgar recua no tempo atrás dos momentos fundadores de uma linguagem que nomes como Derrick May, Kevin Saunderson e Juan Atkins ali fundaram em meados dos oitentas. No fundo, um herdeiro desses pioneiros reencontra as pistas que os precederam para imaginar um presente com sabor vintage que todavia não se manifesta enquanto expressão de nostalgia.