Cinco anos depois de Dias Exemplares, o reencontro com Michael Cunningham em mais uma história com Nova Iorque como pano de fundo. Este texto foi originalmente publicado na edição de 8 de Janeiro do DN Gente.
Foi com As Horas, romance publicado em 1998 (e mais tarde levado ao cinema por Stephen Daldry) que Michael Cunningham alcançou um patamar de grande notoriedade entre o panorama actual da literatura norte-americana. Na sequência da aclamação deste livro chegaram até nós, pouco depois, traduções para os anteriores Uma Casa no Fim do Mundo (1990) e Sangue do Meu Sangue (1995) e, mais recentemente, Dias Exemplares (2005), da sua produção posterior a As Horas não existindo ainda tradução portuguesa de Lands End: A Walk In Provincetown, um pequeno livro de viagens publicado em 2002. Ao Cair da Noite, lançado em finais de 2010 pela Gradiva, volta a colocar Nova Iorque como cenário para as suas personagens, desta vez um casal na casa dos 40 anos profissionalmente ligado ao circuito das artes plásticas. O gatilho que desencadeia a trama chega com a visita de Mizzy, o irmão de 23 anos de Rebecca. A sua presença em casa da irmã provoca um clima de inquietude junto de Peter, o cunhado, nele despertando dúvidas que o levam a questionar o rumo que a sua vida tomou e a própria identidade. Em Ao Cair da Noite encontramos um escritor em busca de uma nova forma de relatar as suas histórias sem o recurso directo a marcas de outros autores como o fizera em As Horas e Dias Exemplares. A abundância de diálogos poderá decorrer das recentes experiências no cinema. Mas por todo o texto há marcas suficientes para aqui reencontrar temas e olhares característicos do escritor.