quarta-feira, janeiro 19, 2011
Novas edições:
British Sea Power, Valhalla Dancehall
British Sea Power
“Valhalla Dancehall”
Beggars Banquet / Popstock
2 / 5
Os espaços rock’n’roll mais tradicionais europeus não têm revelado discos particularmente estimulantes (muito menos memoráveis) nos últimos tempos, as mais interessantes propostas que têm chegado com guitarras por protagonistas tendo revelado berço essencialmente indie e norte-americano (com nomes como os Girls, No Age ou Wavves como exemplos merecedores de atenção). Em solo britânico, os British Sea Power são há muito um nome aclamado entre o departamento “alternativo”, secção rock’n’roll. Naturais de Brighton, têm desenhado uma obra assente que se faz de canções musculadas, espessas, intensas também nas intenções das palavras que cantam. Valhalla Dancehall é o sucessor do muito elogiado (e até localmente bem sucedido) Do You Like Rock Music? (de 2008), pelo caminho o grupo tendo editado Man Of Aran, a banda sonora para um filme dos anos 30. Contudo pouco parece ter acontecido à sua volta desde 2008, as canções de Valhalla Dancehall revelando um lugar no som em tudo semelhante ao do disco anterior, pelas letras correndo novas manifestações de uma identidade que se mantém fiel a si mesma. É bem verdade que pelo Reino Unido a história dos entusiasmos pop/rock se faz pela sucessão de modas que ora ditam os The Libertines como a coisa mais incrível do mundo ou os Klaxons como a banda que se tem de seguir com entusiasmo, a entrada dos episódios que se seguem deixando por vezes algumas das estrelas de ontem relegadas para um patamar que ocasionalmente resvala para o esquecimento. Os British Sea Power nunca moraram nas listas desse entusiasmo mediático, a solidez do seu estatuto actual resultando de um percurso menos exposto e mais constante. Não têm faltado elogios a este seu novo disco. Mas num momento em que a linha da frente da invenção desbrava terreno ora para lá das fronteiras do dubstep, na exploração de cenografias e texturas ou na sempre inevitável recontextualização de heranças em novos contextos, a música de Valhalla Dancehall, mesmo coerente, sóbria e bem construída, sabe pouco mais que... mais do mesmo... E, convenhamos, num alinhamento menos entusiasmante que o que revelaram não só em Do You Like Rock Music? como igualmente no anterior Open Season, de 2005. O que não nos impede de escutar alguns momentos interessantes em temas como Luna ou Baby. Mas mesmo assim, coisa que sabe a pouco.