segunda-feira, janeiro 03, 2011

Entre o Ocidente e o Oriente


Correu alguns festivais de cinema. Mas na verdade é um título cuja exposição continua aquém das suas potencialidades. Miss Kicki é, assim, um dos títulos que podiam ter feito história em 2010 que vale a pena (re)descobrir em 2011. Para já com edição em DVD apenas na Suécia (país de origem desta produção), mas com legendas em inglês.


Miss Kicki é uma história de (des)encontros com cenário entre a Suécia e Taiwan. Kicki regressa à Suécia onde reencontra o filho que não vê há anos, a sua mãe tendo garantido a sua educação. E é a pedido desta (e com orçamento assim prometido) que “convida” Viktor a uma viagem. O destino? Taiwan onde, na verdade, a meta mora no encontro real com um homem com quem mantém um romance virtual na Internet... Mãe e filho dão por si num hotel barato fora do centro das luzes e lojas. O romance esperado acaba por revelar o inesperado. E o encontro de Viktor com Didi, um jovem da cidade que anda pelas ruas com motos que pede “emprestadas” (sem que o dono o saiba, entenda-se), acabará por abrir outros horizontes a uma viagem que nada deve ao abc habitual de umas férias de mãe e filho em modo de turismo...

Apesar do jogo de semelhanças e diferenças que facilmente podemos estabelecer com Soundless Windchime, de Kit Hung (um dos mais belos filmes a correr o circuito dos festivais de cinema quer na década dos zeros), Miss Kicki acaba por dispensar a caução das comparações. Realizado por Hakon Liu (de quem o Queer Lisboa já apresentou a curta-metragem Lucky Blue), Miss Kicki vive da força do trio de personagens centrais (Kicki, Viktor e Didi), de uma história que concilia de forma exemplar o que pode haver de estranho e familiar num cenário distante e estabelece pontes entre o ocidente e oriente e de uma absolutamente notável direcção de fotografia.



Imagens do trailer de Miss Kicki.