sexta-feira, janeiro 21, 2011

As presidenciais segundo Marcelo Rebelo de Sousa


Mesmo aqueles que não se revêem no dispositivo de abordagem da política de Marcelo Rebelo de Sousa (entre os quais me incluo), não terão dificuldade em reconhecer-lhe o valor de uma desassombrada frontalidade. Exemplo cristalino dessa postura são as suas declarações sobre o “pouco conteúdo e muita e má forma” da campanha para as eleições presidenciais [notícia no Público].
Podemos, naturalmente, discutir esta formulação dicotómica "forma/conteúdo" e o modo como tende a esvaziar a dinâmica interna e os efeitos simbólicos de qualquer estratégia de comunicação. Em todo o caso, Marcelo Rebelo de Sousa toca numa ferida — política e social — muito funda, quando menciona, com evidente desencanto, o cansaço dos eleitores.
Daí o duplo desafio implícito que podemos, desde já, formular: em primeiro lugar, importa valorizar alguma disponibilidade para discutir os mecanismos de abordagem da política, nomeadamente aqueles que dominam os circuitos televisivos; depois, é preciso voltar a lembrar que se tornou quase tabu referir (muito menos reflectir sobre) o peso imenso dos abstencionistas nos mais recentes actos eleitorais.

>>> Presidenciais: Portal do eleitor.