Se existe, no nosso século XXI, uma nova via romântica para o piano, Alexei Volodin é, por certo, uma das suas expressões mais depuradas. Como foi possível sentir no admirável concerto no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian (7 de Dezembro), o pianista russo (nascido em S. Petersburgo, em 1977) reinscreve-se na frondosa dinâmica de uma tradição ancestral, ao mesmo tempo que confere às obras interpretadas toda uma teia de inusitadas nuances dramáticas, indissociáveis da subtileza do seu toque e, por isso mesmo, da leitura pessoal das obras interpretadas — duas sonatas de Beethoven (nºs 13 e 18) e 24 Prelúdios, opus 28, de Chopin.
Neste registo videográfico, com cerca de três anos, Volodin surge a interpretar o terceiro andamento, Rondo, do Concerto para Piano nº3, de Beethoven (Zoltan Kocsis é o maestro).
PS - Como sempre, não vale a pena sermos excessivamente moralistas em relação às tosses nos concertos, quanto mais não seja porque qualquer espectador pode, naturalmente, sofrer o seu efeito. Em todo o caso (e para além da agressão dos telemóveis), o que se passou na segunda parte do concerto de Volodin é, no mínimo, deselegante: há uma diferença entre tentar conter um ataque de tosse e, não se sabe bem porquê, exibi-lo como uma bandeira sonora...