E depois das listas dos melhores discos e filmes de 2010, hoje apresentamos um olhar pelos livros que marcaram o ano.
N.G.:
Entre a oferta digital, para leitura em eBook e a ainda “clássica” opção pelo papel, o ano livreiro elegeu uma nova estrela em Jonathan Franzen, cujo novo romance (Freedom) chegará a estas paragens, em tradução para português, em 2011. Saúda-se a reedição de O Homem no Castelo Alto, de Philip K. Dick e Duna, de Frank Herbert pela Saída de Emergência, numa política de reencontro com “clássicos” da ficção-científica que esperamos tenha continuidade no ano novo (a ver se é desta que se “descobre” Kim Stanley Robinson por estes lados, de preferência com a trilogia marciana...). Num ano em que chegou ao cinema a adaptação, por Tom Ford, de A Single Man, Christopher Isherwood continuou a ser nome sem expressão na nova oferta editorial portuguesa. Da lista que se segue, destaque para um livro que ajudou a definir uma ideia de literatura moderna americana, através de um conjunto de retratos das figuras de uma pequena cidade no Ohio, em inícios do século XX, tomando um jovem jornalista de um título local como centro das atenções. Os títulos em tradução portuguesa são todos eles edições de 2010 (apesar de, na origem, poderem representar textos de tempos bem variados).
1. Sherwood Anderson “Winesburg, Ohio”
2. Elise Blackwell “Fome”
3. Hunter S. Thompson “Diário a Rum”
4. David Byrne “Diário da Bicicleta”
5. Truman Capote “Outras Vozes, Outros Lugares”
6. Dino Buzzati “O Grande Retrato”
7. Luis Diferr “Portugal”
8. Misha Aster “The Reichsorchester”
9. Nicola Lecca “Hotel Borg”
10. Neil Jordan “Amanhecer Com Monstro Marinho”
J.L.:
Na contabilidade individual do lido/não lido, entre memórias cruzadas de novidades e reedições (há livros que marcaram 2010, mas podem vir do ano anterior), fica uma evidência que os expositores da maior parte das livrarias (e supermercados, hélas!) ilustram: o mercado passou a estar dominado pelo marketing da "personalização" e pelos sucedâneos "introspectivos" da imprensa cor de rosa. É neste contexto que o livro de Patti Smith pode servir de símbolo de resistência: evocando a sua vida com Robert Mapplethorpe (1946-1989), Smith repõe a irredutibilidade da história, de todas as histórias — dizer "eu" é muito difícil; escrevê-lo ainda mais.
1. Patti Smith, "Just Kids"
2. Paul Auster, "Sunset Park"
3. Bernard-Henry Lévy, "De la Guerre en Philosophie"
4. Barry Sanders, "Unsuspecting Souls"
5. Philippe Sollers, "Discours Parfait"
6. Rómulo de Carvalho, "Memórias"
7. Lou Reed, "Romanticism"
8. Preston Sturges, "Preston Sturges"
9. Eduardo Marçal Grilo, "Se Não Estudas, Estás Tramado"
10. H. W. Janson, "A Nova História da Arte de Janson"