Nas últimas semanas, a campanha de Dolce & Gabanna com Madonna tem sido redescoberta na Net através de uma série de imagens que o fotógrafo Steven Klein rejeitou. Sinal da pornografia mediática dos tempos: todos os restos são, ou podem ser, "informação" selvagem...
Surpreendentemente, ou melhor, sem qualquer surpresa, a maior parte dos discursos em torno das imagens reflecte a arrogância "juvenil" dos nossos tempos: Madonna está velha (et pour cause: fez 52 anos a 16 de Agosto) e as fotografias da campanha cometeriam o pecado de ser retocadas.
Na sua serena crueza, algumas das fotografias são de uma beleza hoje em dia rara. Mas mesmo não esquecendo que a difamação de todas as formas de envelhecimento é predominante na nossa cultura "popular", não deixa de ser comovente que haja tantas almas angelicais a descobrir, assim, no ano da graça de 2010, que as imagens publicitárias são retocadas...
Na sua serena crueza, algumas das fotografias são de uma beleza hoje em dia rara. Mas mesmo não esquecendo que a difamação de todas as formas de envelhecimento é predominante na nossa cultura "popular", não deixa de ser comovente que haja tantas almas angelicais a descobrir, assim, no ano da graça de 2010, que as imagens publicitárias são retocadas...
Em todo o caso, vale a pena referir que as perversas ambiguidades da carreira da Material Girl fazem com que as suas imagens nunca se aquietem em nenhum determinismo linear. E, sobretudo, que se relacionem de forma perversa. Neste caso, é inevitável associar a Madonna de 2010 a uma espécie de involuntária premonição que está no fabuloso Dangerous Game (1993), filme sobre os bastidores do cinema que ela rodou sob a direcção de Abel Ferrara (e que, tanto quanto se sabe, ambos continuam estoicamente a renegrar, cada um deles desagradado com o trabalho do outro). O cruzamento entre a campanha da Dolce & Gabanna e as memórias visuais do filme [exemplo aqui ao lado] pode ser esclarecedor. Tal como os espantosos minutos finais de Dangerous Game, disponíveis neste video do YouTube.