Cartoon de CHAN LOWE
Sun Sentinel (Florida)
Numa altura em que (com ou sem WikiLeaks) muitos discursos nos querem fazer ver a América como um bloco imóvel e maligno, importa sublinhar a notícia de uma recente votação (63 votos contra 33) no Senado norte-americano: assim, foi decidido pôr fim à legislação que impedia que aqueles que demonstrassem "uma propensão para tentar praticar ou envolver-se em actos homossexuais" prestassem serviço nas forças armadas dos EUA [ver, em baixo, video da CNN].
Celebrando o facto de gays e lésbicas já "não terem que se esconder", o Presidente Barack Obama resumiu o valor simbólico da decisão, lembrando: "A luta pelos direitos civis — uma luta que continua — já não precisará de incluir este."
Celebrando o facto de gays e lésbicas já "não terem que se esconder", o Presidente Barack Obama resumiu o valor simbólico da decisão, lembrando: "A luta pelos direitos civis — uma luta que continua — já não precisará de incluir este."
Na prática, mesmo se os efeitos da medida só serão sensíveis daqui a alguns meses, termina assim uma atitude de ocultação e silêncio que ficou resumida na célebre expressão por que era conhecida a legislação agora anulada: "Don't ask, don't tell" (à letra: "Não perguntes, não digas"). É uma história americana que, em última instância, transcende qualquer fronteira nacional. Em boa verdade, esse é um desafio de muitas das convulsões do mundo contemporâneo: o de nos fazer viver, e pensar o nosso viver, para além do conceito clássico de nação. E também para além de qualquer visão formatada da sexualidade — aliás, das sexualidades.