Este texto, sobre o romance Correcções, de Jonathan Franzen, foi originalmente publicado na edição de 13 de Novembro do DN Gente.
Entramos no mundo familiar dos Lambert pela casa na pequena cidade onde vivem, há longos anos, Alfred e Enid. Ele está reformado e vive dias vazios sem um passatempo que o anime. Ela está decidida a reunir os filhos e netos para um último Natal na sua velha casa de família. Conhecemos depois os filhos, um a um. Chip, que dera aulas numa universidade mas acabara despedido (depois de um envolvimento com uma aluna) e agora trabalha num pequeno jornal nova-iorquino e está atolado em dívidas à irmã. Gary, que ganhou estabilidade a trabalhar num banco mas atravessa tempo de crise no casamento. E Denise, chef num restaurante da moda cuja vida pessoal se mete em temperos complicados...
Como canta Sérgio Godinho, "a vida é feita de pequenos nadas". E é desses pequenos nadas que, ao longo das páginas de Correcções, Jonathan Franzen constrói um romance que, centrado na história de uma família, acaba por nos dar um retrato da vida americana em finais dos anos 90. Originalmente publicado em 2001, valendo ao escritor norte-americano um National Book Award, acaba de voltar às livrarias numa nova edição (D. Quixote). O livro chega num ano em que o nome de Jonathan Franzen atingiu um ainda mais expressivo patamar de notoriedade, não apenas por ter surgido na capa da Time (coisa rara para um escritor) e ter publicado o novo Freedom (a sair entre nós em 2011) que foi bastante elogiado por Barack Obama, que o teve como leitura de férias este Verão.