Foto Radar
No mínimo, uma noite inesquecível. Foi a primeira vez que, num concerto em nome próprio, passaram por Lisboa. E chegaram não só para encontrar uma casa cheia, rendida desde as primeiras notas, como revelando em cena uma solidez na interpretação que não esconde uma já considerável história de noites vividas em cima do palco a tocar estas canções.
.
A história conhecida dos Vampire Weekend conta já com dois anos de vida feita entre discos editados, entrevistas publicadas, concertos pelo mundo fora. Pelas suas canções passa uma luminosidade cativante e um sentido de fisicalidade contagiante. Desde as primeiras canções que editaram nelas encontrámos sinais de várias tradições pop, arranjos elaborados e com gosto pela utilização de instrumentação alargada e, claro, ecos da música africana, estes últimos entretanto agrafados a qualquer descrição à la minuta que da sua música se faça em conversa entre amigos. Contudo, no palco do Campo Pequeno, deixaram claro que, sem nunca secundarizar essa determinante força de inspiração, é de um viço apreendido na tradição pós-punk que vive a essência da sua música.
.
Sem a necessidade de convocar ao alinhamento quaisquer temperos extra para entusiasmar plateias (não houve versões de temas de terceiros nem aqueles solos intermináveis para bater palminhas e pular mais), os Vampire Weekend mostraram um domínio seguro do palco, doseando grandes canções com a dose certa de comunicação e partilha. Sobriendade e bom senso, sem abdicar do prazer e da festa. E mostrando como, em apenas dois álbuns, se afirmaram já como uma das maiores forças criativas da música popular do nosso tempo.