Clinic
“Bubblegum”
Domino / Edel
3 / 5
“Bubblegum”
Domino / Edel
3 / 5
Foi há dez anos. Partilhando com (os então também ainda praticamente desconhecidos) as primeiras partes de uma digressão na qual os Radiohead apresentavam as canções de Kid A, os Clinic chamavam atenções, a edição do álbum International Wrangler chegando a tempo e horas para do quarteto de Liverpool fazer um dos grandes acontecimentos do ano 2000. Seguiram-se outros discos, com o tempo a repetição de formas e ideias deixando cada vez mais distante a memória dos dias em que esse seu primeiro álbum fora acolhido como estimulante nova expressão de códigos de urgência punk materializados numa música angulosa, abrasiva, com notas inesperadas em canções tensas, densas e intensas. Ao sexto álbum, com um título que evoca (não o sendo, contudo) a pop de mastigar e deitar fora dos sessentas, uma capa que pisca o olho aos universos do jazz e uma opção por caminhos novos na verdade inesperada, Bubblegum revela-se um dos mais interessantes dos discos da história mais recente do grupo. À aparente desordem ordenada de outros tempos sucede agora uma música arrumada, com inclusivamente ocasional protagonismo de guitarras acústicas. A voz mantém a inquietude, a composição não perde personalidade, as canções mais tranquilas revelando-se assim como nova expressão de uma mesma identidade. As canções mantém firme um gosto por uma ideia de cenografia onde a simplicidade não é o mais usado dos argumentos, a contenção agora encontrada apontando antes a um mais claro polimento de ideias e focagem nas formas. Não se repete aqui, de modo algum, o momento que International Wrangler gerou há precisamente dez anos. Mas Bubblegum, longe de ser coisa para mastigar e deitar fora, chama de volta as atenções e abre espaços que devolvem o grupo a caminhos que os podem devolver a patamares mais interessantes que aqueles onde os discos imediatamente anteriores os estavam a levar.