domingo, novembro 21, 2010

Ecos do Norte (no hemisfério Sul)


Um maestro finlandês inicia, à frente de uma orquestra neo-zelandesa, um ciclo dedicado à obra sinfónica do seu compatriota Jean Sibelius. E apresenta soberbo cartão de visita para esta nova série de edições que a Naxos vai lançar com belíssimas gravações das Sinfonias nºs 1 e 3.

Datadas respectivamente de 1898 e 1907, as Sinfonias números 1 e 3 de Sibelius correspondem a uma etapa de franca afirmação da obra do compositor não apenas entre finandeses, mas já com ecos pelo mundo fora (a Sinfonia Nº 3 foi inclusivamente resultado de uma encomenda da Royal Philarmonic Society na sequência de uma passagem por Londres em 1905). A Sinfonia Nº1 surge num período imediatamente posterior ao dos primeiros grandes triunfos de Sibelius com poemas sinfónicos de fulgor nacionalista que havia apresentado na década de 90 do século XIX. A Finlândia não tinha até então uma identidade musical própria, as escolas russas (e particularmente o romantismo de Tchaikovsky) sendo um natural ponto de partida, Sibelius reflectindo contudo sinais de uma demanda que da sua obra sinfónica faria uma das referências maiores de uma visão de ecos do romantismo na música do início do século XX. Já a Sinfonia nº 3 traduz um alargar de horizontes ao mundo para lá das suas fronteiras mais próximas, procurando ao mesmo tempo uma lógica de contenção que se traduz numa das suas mais belas composições. Nascido em 1980, o finlandês Pietari Inkinen (na foto) desenvolve carreira em paralelo como violinista e maestro. Nomeado como segundo director artístico da New Zeland Symphony Orchestra em 2007, Inkinen já dedicou algumas das suas gravações a compositores do seu país, nomeadamente Rautavaara e Sibelius. O disco que agora assinala a abertura de um ciclo dedicado a Sibelius é na verdade o terceiro que dedica ao compositor no catálogo da Naxos.